Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Zelotes investiga Paranapanema e Roberto Giannetti da Fonseca por suspeita de propina no Carf

Zelotes investiga Paranapanema e Roberto Giannetti da Fonseca por suspeita de propina no Carf

Thomson Reuters

26/07/2018

Placeholder - loading - Imagem da noticia "Zelotes investiga Paranapanema e Roberto Giannetti da Fonseca por suspeita de propina no Carf"

Atualizada em  26/07/2018

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A operação Zelotes deflagrou nesta quinta-feira nova fase tendo como alvo um esquema de pagamento de propina para beneficiar a mineradora Paranapanema em julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), com suposto envolvimento do economista Roberto Giannetti da Fonseca, ligado ao PSDB, e prejuízo estimado de 650 milhões de reais aos cofres públicos, informaram autoridades.

A Paranapanema, sediada em Santo André, no interior paulista, foi autuada originalmente em 275 milhões de reais pela Receita Federal por ter extrapolado o limite estabelecido pelo Ministério da Fazenda a título de ressarcimento de tributos pagos em compra de matérias-primas, e recorreu ao Carf para reverter a cobrança. Em valores atualizados, a quantia chegaria a 650 milhões de reais.

O procurador da República Frederico Paiva, responsável pela operação Zelotes, disse que foram descobertos 'sérios e sólidos indícios' de que o julgamento do recurso da empresa pelo Carf foi manipulado e corrompido, com suspeita de envolvimento de Giannetti. A Paranapanema conseguiu anular a atuação da Receita.

A Justiça autorizou a realização de quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefônico, bem como buscas e apreensões, de sete pessoas e duas empresas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, além do Distrito Federal.

Segundo o representante do Ministério Público Federal, houve a comprovação do pagamento de 8 milhões de reais à Kaduna Consultoria, empresa de Giannetti, e desse valor 2,2 milhões ficaram com o próprios economista.

A Kaduna atuou, segundo o MPF, como empresa de fachada, sem qualquer indício de que prestou algum tipo de serviço. O valor restante foi distribuído pela Kaduna a escritórios de advocacia que, segundo as investigações, fizeram pagamentos a conselheiros do Carf.

Paiva disse que há a comprovação de que ao menos dois integrantes do Carf receberam propina: um no valor de 150 mil reais e outro de 170 mil reais.

A participação do economista precisa ser melhor esclarecida e aprofundada, mas é 'evidente' que valores foram repassados a ele, acrescentou o procurador.

A Kaduna e Giannetti informaram em nota estar abertos a prestar 'qualquer informação e colaborar integralmente com a Justiça Federal para a elucidação de qualquer fato relacionado à investigação Zelotes'.

A nota acrescenta que Giannetti 'reafirma que aqueles que o conhecem sabem que ele sempre se pautou pelos princípios éticos e legais no relacionamento com seus clientes e com as autoridades públicas, sendo totalmente infundadas as suspeitas levantadas contra si e sua empresa'.

Em nota, a Paranapanema disse que não foi notificada oficialmente e que sua atual direção não foi alvo de operação. 'A companhia repudia quaisquer atos de ilegalidade e conta com rigorosas políticas de controle e conformidade, que têm sido permanentemente aprimoradas', afirmou em nota.

As ações da empresa na B3 registraram queda de quase 8,5 por cento por volta de 12h.

A operação ocorreu no mesmo dia em que dirigentes do blocão --grupo de partidos formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade-- anunciaram em Brasília o apoio à campanha do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.

Questionado em entrevista sobre a operação que envolveu Giannetti, Alckmin disse que o economista é uma pessoa que 'sempre participa e participou' das campanhas do PSDB, mas negou que ele faça parte da campanha ou tenha integrado o governo de São Paulo durante sua gestão.

Daniel Godinho, que foi secretário de Comércio Exterior no governo Dilma Rousseff, também foi alvo de busca e apreensão, segundo decisão da Justiça Federal de Brasília obtida pela Reuters. Na decisão, é relatado que Godinho manteve contato com pessoas em situações suspeitas que buscavam patrocinar interesses da Paranapanema perante a administração pública.

O interesse do grupo, segundo as investigações, era evitar que houvesse um novo recurso contra a decisão do Carf que anulou a autuação anterior feita pela Receita Federal --como de fato não ocorreu.

Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, Godinho afirmou: 'Estou absolutamente tranquilo quanto à probidade e à legalidade de todos os meus atos no exercício da função de Secretário de Comércio Exterior. Permaneço à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos.'

Na coletiva da Zelotes, o procurador da República estimou que em seis a sete meses deve ser oferecida uma denúncia contra os envolvidos, citando que eles podem ser acusados criminalmente de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.

'Dados que já temos são bem sólidos, vamos robustecer (com a operação de hoje)', disse Paiva.

O procurador disse que essa deve ser a última fase da Zelotes porque não haveria novas frentes de investigação a serem feitas.

(Com reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

Thomson Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.