Primeiro-ministro do Líbano forma novo governo e promete reformas
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BEIRUTE (Reuters) - O Líbano formou um novo governo nesta sábado, após uma incomum intervenção direta dos Estados Unidos no processo e em uma medida de aproximar o país do acesso a fundos de reconstrução após uma guerra devastadora entre Israel e o grupo militante Hezbollah.
Falando aos repórteres no palácio presidencial, o novo primeiro-ministro, Nawaf Salam, disse que o gabinete de 24 membros dará prioridade às reformas financeiras, à reconstrução e à implementação de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) vista como uma essencial para a estabilidade na fronteira com Israel.
O anúncio ocorreu depois de mais de três semanas de negociações com partidos políticos rivais no Líbano - onde os cargos governamentais são divididos de acordo com a facção a que pertencem - e de dias de impasse sobre os ministros muçulmanos xiitas, geralmente nomeados pelo Hezbollah, e seu aliado xiita, Amal.
Washington, no entanto, tem resistido à influência do Hezbollah em qualquer novo governo.
Morgan Ortagus, um enviado dos EUA para o Oriente Médio, disse na sexta-feira que os EUA consideram o envolvimento do Hezbollah no novo gabinete uma 'linha vermelha' e agradeceram a Israel por aplicar golpes devastadores ao grupo, em uma declaração polêmica que gerou protestos no Líbano.
O aliado do Hezbollah, Amal - que é chefiado pelo presidente do Parlamento, Nabih Berri - foi autorizado a escolher quatro dos novos membros do gabinete, incluindo o ministro das Finanças, Yassin Jaber, e dar o seu aceno de aprovação a um quinto.
O gabinete está agora encarregado de redigir uma declaração política - um esboço geral da abordagem e das prioridades do próximo governo - e precisará de um voto de confiança do Parlamento do Líbano para ser totalmente chancelado.
O presidente libanês, Joseph Aoun, que conta com o apoio dos EUA como comandante do Exército, foi eleito presidente em 9 de janeiro e nomeou Salam para formar um novo governo dias depois. Salam atuava como chefe da Corte Internacional de Justiça.
A nomeação de Salam foi o mais recente sinal de uma mudança dramática no equilíbrio de poder no Líbano, após os duros golpes de Israel ao Hezbollah, a destituição do presidente sírio e aliado do Hezbollah, Bashar al-Assad, em dezembro, e a eleição de Aoun no mês passado.
(Por Maya Gebeily e Laila Bassam em Beirute)
Escrito por Reuters
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