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TURISMO MUSICAL: A EXPERIÊNCIA QUE O DIGITAL NÃO SUBSTITUI

GRANDES FESTIVAIS, LOCAIS ICÔNICOS E TURNÊS BEM PLANEJADAS AMPLIAM A EXPERIÊNCIA DOS FÃS E TRANSFORMAM A ECONOMIA DAS CIDADES

João Carlos

11/09/2025

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Crédito da imagem: gerada por IA

O turismo musical é uma das experiências mais fascinantes do mundo contemporâneo. Não se trata apenas de o fã viajar para assistir a um espetáculo, mas de algo muito maior: um mergulho em uma jornada cultural que une arte, memória e pertencimento. Essa experiência envolve toda uma engrenagem do setor turístico — de agências de viagem a companhias aéreas, passando por hotéis, aplicativos de hospedagem, venda de ingressos e serviços especializados.

Cada viagem motivada pela música carrega, de um lado, a necessidade de uma estrutura cada vez mais robusta para atender a uma demanda em constante crescimento e, de outro, a promessa final que move milhões de pessoas: transformar o show em um marco pessoal e coletivo.

Locais icônicos da música

De certa forma, já exploramos esse universo mais amplo na série “Locais Icônicos da Música”, revisitando cidades que respiram sonoridade e guardam marcas eternas de seus artistas. Esses destinos revelam como a música é capaz de transformar ruas em templos, praças em palcos e bairros inteiros em patrimônios afetivos para fãs espalhados pelo planeta.

Relembre abaixo cada local já destacado pela reportagem do site e observe como essa lista ainda pode crescer muito.

Série ‘Locais Icônicos da Música’:

Introdução

Parte 2 - Abbey Road - The Beatles

Parte 3 - Graceland - Elvis Presley

Parte 4 - Whisky a Go Go

Parte 5 - New Orleans

Parte 6 - Rock and Roll Hall of Fame

Parte 7 - Anfiteatro de Pompeia - Pink Floyd

Parte 8 - Las Vegas

O exemplo do Oasis em Manchester

O impacto econômico do turismo musical pode ser claramente observado na turnê especial de reunião do Oasis. Em Manchester, cidade natal da banda, foram realizados cinco shows em Heaton Park, reunindo aproximadamente 400 mil fãs. A mobilização não se limitou à música: uma megaloja com o nome do grupo tornou-se ponto de peregrinação, com filas quilométricas que se tornaram parte da experiência coletiva.

Os números impressionam. Cada concerto na cidade gerou cerca de £55 milhões em gastos diretos com acomodação, alimentação, transporte e consumo, resultando em um impacto líquido próximo de £95 milhões por show. A soma da temporada representa um quarto de bilhão de libras circulando na economia local.

O setor de hospitalidade foi o mais beneficiado: hotéis registraram aumento médio de 242% no faturamento em relação a um fim de semana comum, com diárias que chegaram a subir quase 400%. Restaurantes, bares, lojas e serviços de transporte por aplicativo também experimentaram movimento recorde, evidenciando como o turismo musical é capaz de transformar a rotina de uma cidade inteira.

Mais do que os ingressos vendidos, o Oasis mostrou como a música, quando mobiliza multidões, atua como motor econômico, cultural e emocional — uma engrenagem que vai muito além do espetáculo em si.

Esse fenômeno, no entanto, não se restringe apenas às grandes turnês. Como vimos recentemente, a cantora italiana Laura Pausini (em destaque acima, nas imagens publicadas nas redes sociais da artista) inaugurou um museu em sua cidade natal, Solarolo, na região da Emília-Romanha. A novidade deve mudar a dinâmica do turismo local, atraindo fãs de várias partes do mundo que desejam conhecer o berço de uma das maiores vozes da música italiana.

Da mesma forma, há muito tempo a Jamaica transformou em patrimônio cultural a casa onde nasceu Bob Marley (em destaque logo acima), o eterno “rei do reggae”. O espaço se tornou ponto de peregrinação para fãs do artista e admiradores do gênero musical, mostrando como locais de memória também desempenham papel central no fortalecimento do turismo musical.

A magia que o streaming não substitui

Em tempos de streaming, realidade virtual, realidade aumentada e tantas outras tecnologias que aproximam o fã do artista sem sair de casa, surge um paradoxo visível: os dados revelam que o turismo musical não para de crescer.

Relatórios de mercado apontam que o mercado global de turismo musical deve saltar de cerca de US$ 96,8 bilhões em 2024 para US$ 267,85 bilhões em 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) estimada de 18,8% no período. Em outra análise, o valor global foi estimado em US$ 6,5 bilhões em 2023, com previsão de atingir US$ 15,2 bilhões em 2033, uma CAGR de aproximadamente 8,9%.

Além disso, no Reino Unido, levantamento da entidade UK Music mostrou que houve cerca de 14,4 milhões de music tourists (turistas movidos por música) em 2022, com um gasto agregado em turismo musical de £6,6 bilhões, sustentando mais de 56.000 empregos diretos no setor de hospitalidade e entretenimento.

Esses dados deixam claro que, apesar da comodidade de playlists, livestreams ou realidade virtual, muitos fãs não se satisfazem apenas com o digital. O turismo musical busca intensidade: estar diante de um ídolo, sentir a vibração coletiva, compartilhar um momento irrepetível com milhares de pessoas.

Porque memórias digitais são poderosas, mas nenhuma playlist substitui o arrepio real de um coral de milhares de vozes, nem o cheiro, o calor humano ou o barulho da plateia.

A trilha sonora das viagens

Viajar por música é viajar por histórias. É se permitir sentir que, naquele instante, somos parte de algo maior — um coro que atravessa gerações, um espetáculo que transforma cidades inteiras em palco e cada espectador em protagonista da sua própria trilha sonora.

Mas essa visão romântica também exige um olhar estratégico: demanda iniciativas empreendedoras e políticas públicas voltadas para a infraestrutura de turismo, capazes de sustentar o crescimento desse fenômeno cultural e econômico.

E você, já planejou a sua próxima experiência do tipo ‘mochilão musical’?

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